Data de publicação: 26/02/2008
Novo Ministro da Cultura
Apesar de épocas anteriores marcadas por lutas ideológicas na Cultura, severas restrições financeiras e manifesta falta de competência para o cargo, José Sasportes terá sido o primeiro Ministro da Cultura a ser despedido do Palácio da Ajuda devido à forte contestação dos agentes culturais. Muitos ainda se recordam da violenta pateada organizada contra Sasportes por um grupo de contestatários num espectáculo no Centro Cultural de Belém.
Com os passar dos tempos, os métodos sofisticaram-se e foi já na Internet que circulou uma petição dirigida ao Primeiro Ministro – ao ser do conhecimento público a intenção de se levar a cabo uma reestruturação ministerial - solicitando a substituição de Isabel Pires de Lima, por alguém com... “visão, conhecimento e capacidade de planificação, disposto a criar estruturas e consolidar o tecido profissional e criativo”. Em resumo, reclamava-se a nomeação de um “um ministro com um projecto, consciente das necessidades e prioridades da pasta da Cultura e possuidor de um verdadeiro desejo de construção e crescimento da área cultural”.
Com a saída de Pires de Lima estava implícita a do seu Secretário de Estado, Mário Vieira de Carvalho, que, embora não mencionado na petição, segundo se afirmava, tinha a seu cargo as “artes teatrais”.
Pela segunda vez na sua história governativa, o PS sofre baixas na Cultura pressionado pela “inteligentzia” organizada.
Mesmo assim, a oposição não se pode vangloriar de ter tirado dividendos com este caso (e de todas as "trapalhadas" implícitas) já que, no passado, a “anedota Teresa Caeiro” no tempo do PSD-CDS no governo, fez com que, em cima da assinatura do documento de tomada de posse no Palácio de Belém, a antiga Governadora Civil de Lisboa tivesse acabado como Secretária de Estado da Cultura, para a sua própria surpresa!
Embora não seja artista, guru (de conveniência) de subsídio-dependentes ou alguém intimamente ligado à área cultural, diz-se que o jurista José António Pinto Ribeiro é uma pessoa séria, sem ambições doentias e visíveis manchas no currículo e, certamente, defensora da “Justiça e Liberdade”. Assim sendo, muito dele se espera no Palácio da Ajuda!
Pode-se começar já a trabalhar na mudança das "políticas" de subsídios e dos concursos da Direcção Geral das Artes e na gestão artística e financeira da Companhia Nacional de Bailado.
António Laginha