A fechar um mês de festividades, a cidade de Faro, coincidindo com o seu feriado municipal, trouxe em Agosto ao auditório do Conservatório Regional do Algarve um espectáculo de dança algo curioso.

Depois de grandes eventos, como um concerto de Dulce Pontes, e um espectáculo mais intimista de Rodrigo Leão, ambos no Largo da Sé, a Câmara Municipal de Faro, em colaboração com a Fundação Pedro Ruivo, apresentou o Ballet Estatal da Academia de Arte da Rússia (BEAAR).

Trata-se de uma companhia de 20 elementos que nos brindou com duas obras de especial valor histórico: "Carmen", com coreografia do cubano Alberto Alonso e música de Bizet e as "Danças Polotvsianas" da ópera "O Príncipe Igor", do compositor Borodine.

Que se saiba, nunca a versão cubana inspirada na obra homónima de Mérimée terá sido dançada no nosso país.

Embora sem cenografia nem música ao vivo, e num palco de dimensões reduzidas, o BEAAR deu-nos uma interpretação credível, sobretudo ao nível do papel titular. A bailarina que dançou o papel da bela e fogosa cigana andaluza - cujo nome nem apereceu num programa - não sendo uma Maia Plisestkaya, que criou a peça na Rússia, saiu-se bem ofuscando um D. José sem alma e um Escamillo, grande mas com pouco carácter.

As obras que se lhe seguiram depois do intervalo, revelaram-se de interesse muito reduzido: dois duetos - uma espanholada "à la russe" e uma dança de inspiração "oriental" - e um virtuoso solo masculino ao jeito dos cossacos da Ucrânia, dançado por um jovem que, em minutos, levantou a plateia.

A terminar, a bela dança do III acto da ópera "O Príncipe Igor"(que surgiu numa coreografia baseada nas de Fokine, Gorsky e Goleizovsky) foi dançada com verve, apostando num excepcional colorido, movimentos bélicos e laivos da ancestral cultura russa.