Pela terceira vez em Portugal, o espectáculo “Apassionata” voltou a apresentar-se no Campo Pequeno.

Embora concebido para as grandes arenas da Europa, a nova versão intitulada “Grand Voyage” (Grande Viagem) regressou ao mítico espaço da capital, para delícia de todos os amantes das artes equestres.

Vagamente inspirado nos “ballets de chevaux” que obtiveram grande popularidade em toda a Europa no século XVII – sendo a Escola Equestre de Viena o mais famoso legado dessa época - o espectáculo que passou pela Finlândia antes de vir para Portugal, não trouxe alterações drásticas na forma nem no conteúdo, ressaltando o trabalho do cavalo lusitano. A participação dos portugueses (organização teatral, escolha do esquema coreográfico e virtuosismo no treino dos animais) é toda pensada pelos intérpretes enquanto que a complicada logística do transporte e o rigoroso acompanhamento veterinário está a cargo da empresa alemã organizadora do evento.   

“Apassionata” é constituída por várias “famílias” de cavalos e cavaleiros, sendo que a portuguesa é uma das que está desde o início no projecto. Diz-se, nos bastidores, que existe um “convívio e competição muito saudável” entre todas elas.

Segundo Sofia Valença, filha do Mestre Luís Valença – que fundou e dirige o Centro Equestre da Lezíria em Vila Franca de Xira – e uma das cavaleiras portuguesas que integram o show: 70% dos 45 cavalos em cena são lusitanos. Porque são dóceis, inteligentes, sensíveis, equilibrados, pacientes, corajosos e… têm um coração do tamanho do Mundo. Nós, os cinco portugueses que montamos neste show, somos os embaixadores da Escola Equestre Portuguesa e a nossa função é mostrar uma a arte tradicional, com séculos de existência”. Na verdade, as participações do grupo de Luís Valença, que tem dedicado a sua vida ao ensino e divulgação desta actividade, trazem ao espectáculo uma certa patine do tempo. Para além de apresentar as muitas habilidade dos equídeos que andam na vertical sobre as patas traseiras e saltam no ar dando coices no espaço, utilizam um guarda roupa requintado e com o selo nacional.

Foram seleccionados cavalos de raça andaluza – de origem ibérica tal como o lusitano e utilizados no toureio em Espanha – os elegantes árabes, os frisões (os mais imponentes e possantes, negros originários dos Países Baixos), os pequenos islandeses que foram levados para o Norte da Europa pela mão dos vikings e cavalos americanos. Cada animal apresenta particularidades especiais que servem de veículo artístico. Os que protagonizam os números cómicos são cavalos de pequena estatura (alguns são, mesmo, anões) que fazem as delícias, sobretudo, dos espectadores mais pequenos.   

Na opinião de quase todos os cavaleiros, “as grandes estrelas” do espectáculo são os cavalos, “nós somos artistas secundários”, afirmam.

Para além dos portugueses já mencionados, integram o espectáculo o espanhol Sebastian Fernandéz, o checo Leo Holcknecht, os belgas da família Willms, o francês Eric Tonetto, os alemãs Herman Wetehof e Antónia Jauss, a cantora lírica islandesa Arndis Halla e outros.

A narração do espectáculo em Lisboa coube a Ana Brito e Cunha que se deslocou a Helsínqua para escolher o cavalo e os figurinos para o Campo Pequeno. A actriz, para além de montar também se integra no grupo de bailarinos em algumas das suas intervenções.