O conhecido Cirque du Soleil, tal como o Riverdance ou La Fura dels Baus, “marcas” artísticas que o Mundo conhece e consome amplamente, chegou ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa,  com um trabalho de 2006 - "Delirium".
Trata-se de uma produção que nasceu no Canadá (onde se estreou) e passou pelo México, antes de correr cerca de 100 cidades dos Estados Unidos da América. Entrou na Europa por Roterdão (Holanda) para realizar, durante quatro meses, umas boas dezenas de shows em localidades onde, em média, o enorme grupo fica cerca de uma semana. São cerca de 36 “performers” em cima do palco ou a voar em frente de três telões gigantes. Com as que estão atrás, ou a manipular o material eléctrico e cenográfico e os muitos computadores, são, nada menos que 150 pessoas envolvidas numa máquina que se faz transportar em vários camiões TIR.
O evento, que esgotou em menos de uma semana os espectáculos programados para Lisboa e mais dois extras, é apresentado como um "turbilhão de imagens e sons" e nasceu de uma selecção de músicas, criadas para anteriores produções, às quais Michel Lemieu e Victor Pilon deram um novo invólucro dramático e visual.
É a primeira vez que o Cirque du Soleil investe num trabalho destinado a grandes espaços cénicos - em jeito de concerto de música rock encenado - partindo de trechos musicais e envolvendo-os com imagens (gravadas e filmadas em tempo real) projectadas em três enormes painéis. Talvez por isso o grau de surpresa (e mesmo de originalidade) não seja tão grande como aquele a que a companhia nos habituou em alguns dos anteriores espectáculos. O universo eminentemente onírico e os enormes recursos técnicos não terão convencido muitos dos espectadores que ansiavam um evento com um cunho mais circense e menos tecnológico.

    
Há 23 anos que os criativos e originais espectáculos do Cirque du Soleil têm origem no Canadá viajando, depois, pelo Mundo.
Os seus artistas são oriundos de um alargado número de países. A Lisboa vieram dois que falam português, um músico italiano e uma bailarina-trapezista brasileira, mas artistas portugueses, que se saiba, nunca pertenceram a esta grande companhia. Uma empresa tão grande que se divide por vários conjuntos, exibindo-se um deles, noite após noite, em Las Vegas. O grupo do Quebéc, que tem em cena cerca de duas dezenas de shows em simultâneo e ao qual a RTP, há poucos meses, dedicou uma série de programas, é uma poderosa referência no âmbito do chamado "novo circo", misturando acrobacia com dança, música, luzes, figurinos exóticos e elaborados efeitos de multimédia.
Para os que não conseguiram bilhetes para "Delirium" basta esperar até Abril, já que o Cirque do Soleil regressa com "Quidam", numa tenda no Passeio Marítimo de Algés.